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POR: JUCA GUIMARÃES

Ao contrário do que canta o mestre Paulinho da Viola, o dinheiro bem usado e vindo de uma fonte criativa de crédito solidário pode mudar o destino das pessoas. O pessoal do Jardim Maria Sampaio, Jardim Rosana, Campo Limpo, Capão Redondo e região é um exemplo vivo disso.

Por lá, além das notas de real, circula também o “sampaio”, moeda local do Banco Comunitário União Sampaio, que também oferece linhas de crédito em reais para microempreendedores.

O sampaio é um sucesso no comércio local e existe há sete anos. A ideia surgiu por iniciativa da União Popular de Mulheres do Campo Limpo e adjacências. “O nosso analista de crédito vê o outro como um irmão, como um ser humano”, disse Neide de Fátima Martins Abati, 75 anos, presidente da União Popular de Mulheres.

No começo, o foco era gerar renda para mulheres arrimo de família e vítimas de violência. Com o passar do tempo, o projeto, que teve apoio da USP e do professor Paul Singer, cresceu. O empréstimo em Sampaio não tem juros e pode ser pago em até quatro parcelas. O empréstimo em reais tem juros de 2% sobre o total. Em ambos os casos, o processo de concessão leva em consideração a vulnerabilidade social e econômica do solicitante.

“Não cobramos juros sobre juros, como é comum em outros bancos. Damos uma ajuda para que a pessoa possa progredir”, disse Thiago Silva, 25 anos, analista do Banco União Sampaio.

O banco consegue se manter por meio de parceria com outras entidades sociais. A Agência Solano Trindade, por exemplo, reverte para o banco parte da receita obtida com a venda de shows e palestras de artistas da região. Esses artistas conseguem crédito no banco para produzir suas obras – já foram financiados sete livros, cinco CDs, um DVD e uma HQ. Atualmente, o banco acompanha o desenvolvimento de 40 empreendedores das áreas de gastronomia, cultura e moda.

“É uma consultoria em relação à contabilidade, à gestão e também sobre assuntos jurídicos. Tudo para o negócio dar certo”, disse Thiago.

inclusão social

“O meu sonho é que sejam criados outros bancos como esse em outros bairros para ajudar a levantar a autoestima da comunidade. É preciso sair da exclusão e vir para a inclusão. Não vamos parar até a sociedade melhorar”

Neide de Fátima Martins Abati, presidente da União Popular de Mulheres

ESTER ALMEIDA VIEIRA
A padeira aproveitou as orientações do Banco Comunitário União Sampaio para mudar de vida: “Eu vendia sorvete na rua. Com o apoio e os empréstimos, eu fiz um curso e hoje eu tenho uma minipadaria com uma sócia”

IRMÃOS MARCOS E MARCELO MORAIS
A loja aceita o real há mais de quatro anos. “Recebe o apoio quem precisa. Aqui damos um desconto de 5% para quem compra com o sampaio, pois sabemos que é uma reforma necessária”, disse Marcos

SILVESTRE RODRIGUES
O dono de açougue Silvestre Rodrigues mora no bairro há 47 anos e aceita o sampaio desde a criação da moeda. “O sampaio foi uma ideia de muito sucesso. Mudou o bairro para melhor”, opina Silvestre

Fonte:http://www.redebomdia.com.br/

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